sábado, 22 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010


Rodrigo Pinto quer continuar projeto do pai, 18 anos depois de seu assassinato

Na madrugada de 17 de maio de 1992, no apartamento 707 do Della
Volpe Garden Hotel, em São Paulo, o governador do Acre, Edmundo Pinto, era assassinado a tiros por três homens. Depois de 18 anos, o vereador Rodrigo Pinto diz que quer continuar o projeto do pai, interrompido por seu assassinato. Ele é pré-candidato ao governo do Estado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).


“Há 18 anos, a minha história, a história da minha família e a do Acre foram marcadas pelo sangue do meu pai. Ele foi covardemente assassinado, interrompendo, de forma violenta, o sonho que estava em suas mãos, que era de construir um novo tempo no Acre. Hoje, trago comigo a vontade de continuar o projeto do meu pai, de construir o que ele não pôde, pois lhe interromperam a vida. E o meu partido, o PMDB, está comigo nesta luta, construindo um projeto de desenvolvimento e justiça social para o Acre”, disse o pré-candidato.

De acordo com Rodrigo Pinto, nem ele, nem sua família, assim como o povo acreano acreditaram na versão de latrocínio para a morte do jovem governador do Acre, apresentada pela polícia paulista. “Se houvesse empenho dos dirigentes do Estado que sucederam meu pai, certamente os verdadeiros motivos, que foram políticos, teriam aparecido e os assassinos teriam pago pelo crime que cometeram”, frisou.

Edmundo Pinto foi assassinado dois dias antes de prestar depoimento na CPI que investigava denúncias de corrupção na liberação de verbas federais para os estados. Ele se ofereceu para depor prometendo revelar a cobrança de propina para liberação dos recursos para a construção do Canal da Maternidade, através de verba do FGTS.

sexta-feira, 14 de maio de 2010




Rodrigo Pinto fala sobre o pai, que foi assassinado
Foto: Altino Machado/Terra Magazine
Direto de Rio Branco
O vereador de Rio Branco, Rodrigo Pinto (PMDB), 31, é pré-candidato ao governo do Acre. Filho do governador Edmundo Pinto, ele tinha 12 anos de idade quando o pai foi assassinado por três homens, na madrugada de domingo do dia 17 de maio de 1992, dentro do apartamento 707 do Della Volpe Garden Hotel, em São Paulo.
Pinto morreu menos de 48 horas antes de depor na CPI do Congresso que investigava corrupção envolvendo verbas para a construção do Canal da Maternidade, com recursos do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço), durante o governo de Fernando Collor.
A polícia de São Paulo concluiu que o governador foi vítima de latrocínio, mas a família e o Acre jamais se convenceram dessa versão.
"Se os governadores que sucederam meu pai tivessem agido com responsabilidade e comprometimento com os acreanos, teriam conseguido a entrada da Polícia Federal para proceder uma nova investigação. O que não faltaram foram evidências de que o crime foi político e não latrocínio", afirmou.
O maior incentivador da carreira política de Rodrigo Pinto tem sido o empresário Luiz Carlos Pietschmann, que era o chefe da Casa Civil do governo do Acre. No ano passado, tão logo explodiu o escândalo do mensalão do DEM, em Brasília, Pietschmann se afastou da presidência da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap).
Suspeito de ter aberto a porta do apartamento para a entrada dos assassinos do governador Edmundo Pinto, o ex-chefe da Casa Civil foi hostilizado e teve que ir embora do Acre.
"Quando disseram que teria aberto a porta do quarto do governador, o Luiz e sua família foram execrados no Acre. Sua esposa teve que fechar um comércio, o filho foi humilhado na escola. Eles foram expulsos do Acre porque não eram acreanos. Ele não teria razões para assassinar ou facilitar que assassinassem o seu melhor amigo, o homem que iria trazer prosperidade para o Acre".
Veja os melhores trechos da entrevista:
Terra: Quem era você e onde estava quando seu pai foi assassinado em São Paulo?
Rodrigo Pinto: Quando meu pai assumiu o governo do Acre, decidiu que tinha que mandar eu e Pedro Veras Neto, seus filhos, para estudar fora do Estado. Ele nos disse: "Não quero que vocês se acostumem com as benesses do poder". E mandou a gente para um colégio interno em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde lá estávamos. Naquele fatídico domingo, recebemos a notícia da tragédia. Pegamos um avião e voltamos para o Acre. Eu tinha 12 anos de idade e não retornamos mais para Petrópolis. Decidimos que que iríamos ficar com a família unida por causa da tragédia.
Terra: A polícia de São Paulo concluiu que ele foi vítima de latrocínio. Acredita nessa versão?
Rodrigo Pinto: Mesmo reconhecendo que a polícia paulista é uma das melhores e mais equipadas da América Latina, nós da família discordamos da conclusão de que o governador foi vítima de latrocínio. Acreditamos firmemente que foi um crime político. O Acre inteiro não acredita na versão da polícia. O Acre inteiro chorou a morte de seu governador e sabe que foi um crime político. Naquele ano, estavam estourando na mídia vários casos de corrupção, como os anões do Congresso, havia um tesoureiro corrupto de campanha política, o PC Farias, e o Acre nunca vira na sua história um volume de recursos tão grande como aquele que chegava naquele momento.
Terra: Se o crime foi político, não pode ter sido tramado com a participação de gente do Acre, adversários de seu pai?
Rodrigo Pinto: Existem muitas ilações e eu não seria irresponsável a ponto de nominar personagens nessa trágica história. Porém, claro, se os governadores que sucederam meu pai, tivessem agido com responsabilidade e comprometimento com os acreanos, teriam conseguido a entrada da Polícia Federal para proceder uma nova investigação. O que não faltaram foram evidências de que o crime foi político e não latrocínio.
Terra: Após 18 anos, tem ainda esperança de que o caso possa ser esclarecido?
Rodrigo Pinto: Sonho que um dia se possa dar uma resposta a altura não apenas à família, mas aos acreanos, que elegeram um governador, acreditavam nele, estavam envolvidos em seu projeto de desenvolvimento, mas de repente perderam o sol. Além de Deus, que haverá de julgar a cada um envolvido no assassinato, espero que um dia o crime possa ser esclarecido de forma cristalina. Não perdi a esperança em relação a isso.
Terra: O governador Edmundo Pinto era fã de Fernando Collor. Até o imitava fazendo cooper com assessores pelas ruas de Rio Branco. Você também é admirador de Collor?
Rodrigo Pinto: Não. Não tenho admiração pelo ex-presidente Fernando Collor. Acredito que Edmundo Pinto admirava a pessoa do Fernando Collor, que era jovem, ousado, vindo de um estado pobre do Nordeste. Houve problemas no governo dele, mas isso não o desabona porque existiram muitos interesses em jogo. Acho que os bons exemplos devem ser copiados. Eu sempre prefiro observar os bons exemplos dos políticos.
Terra: O seu maior incentivador político é Luiz Carlos Pietschmann, que deixou a presidência da Novacap tão logo explodiu o escândalo de corrupção no governo José Roberto Arruda.
Rodrigo Pinto: Minha relação com ele é próxima. Luiz Carlos Pietschmann, assim como atual prefeito de Rio Branco, o petisca Raimundo Angelim, estão entre as poucas pessoas que eram realmente de confiança na equipe de meu pai. Estão, ainda, entre os poucos que foram secretários do governador e que mantiveram uma relação estreita com nossa família. Morei na casa do Luis e ele pagou faculdade tanto para mim, como para meu irmão e minha irmã Nuana. Ele está conosco há mais de 18 anos e contribuiu para minha primeira eleição como vereador, em 2004, e minha reeleição, 2008.
Terra: Pietschmann era o chefe da Casa Civil quando seu pai era governador do Acre. Foi considerado suspeito de envolvimento no assassinato. Então você tem convicção da inocência dele?
Rodrigo Pinto: Nós nunca suspeitamos do Luiz. Disseram muita coisa, como aquela de que ele teria aberto a porta para que os bandidos entrassem no apartamento de meu pai. Ele não ganharia nada com a morte do meu pai. Ele construiu o projeto da vitória de Edmundo Pinto, quando as pesquisas lhe indicavam apenas 3% da opinião pública. Ele era um pequeno empresário, dono de uma gráfica, mas acreditou no projeto desde o início. Quando disseram que teria aberto a porta do quarto do governador, o Luiz e sua família foram execrados no Acre. Sua esposa teve que fechar um comércio, o filho foi humilhado na escola. Eles foram expulsos do Acre porque não eram acreanos. Ele não teria razões para assassinar ou facilitar que assassinasse o seu melhor amigo, o homem que iria trazer prosperidade para o Acre.
Terra: O PT pleiteia o quarto mandato consecutivo no governo do Acre. Rodrigo Pinto: Não tem havido alternância de poder porque a oposição não tem um projeto de governo?
A oposição tem projeto de governo, sim. Discorda dos procedimentos adotados pelo suposto desenvolvimento sustentado. Estamos vivendo um processo natural. A Frente Popular do Acre, especialmente o PT, tem se beneficiado da estabilidade econômica do país. Foram beneficiados pelo governo FHC, navegam na popularidade do governo Lula. Jorge Viana surgiu como o novo junto com o saudoso governador Edmundo Pinto. Fez coisas boas em determinados pontos do Acre e está desfrutando disso. É natural. A Frente Popular do Acre ascendeu, mas agora está em queda por conta do acúmulo de erros do grupo político. O poder é efêmero. A alternância de poder no Acre virá de qualquer forma.
Você talvez seja o mais jovem candidato a governador no País. O que planeja para o Acre?
Rodrigo Pinto: Quero levar o Acre para o caminho do desenvolvimento com distribuição social e gerando oportunidades para as pessoas. É preciso ouvir as pessoas comuns, especialmente aquelas que vivem nas regiões mais isoladas do Acre. Quando se filtra as informações, aplica-se melhor os recursos, para que provoquem o desenvolvimento. Para mim é uma honra, aos 31 anos de idade, ganhar o respeito e a confiança do PDMB e suas lideranças. Sei que tenho futuro político porque tenho caráter e sou humilde.